O dia em que eu chorei na sua sala

Tudo o que eu queria naquele momento eram seus braços me segurando bem forte. Mostrando que aquele choro desesperado e inesperado iria passar e tudo iria se resolver.

Mas, não.

Não foi isso que aconteceu. Você ficou distante e de braços cruzados. Não querendo encostar nem um dedo em mim.

Eu entendo.

Imagino o que você estava sentindo ao me ver engasgada com palavras que eu não queria dizer. E com as lágrimas que insistiam em rolar e rolar.

Mas, se você tivesse me abraçado, tudo teria sido tão mais fácil.

Foi uma conversa difícil, me doeu.

A minha confusão, trançada em minha cabeça, tinha ido parar no peito e eu não sabia como agir.

O abraço teria ajudado a desatar todos os nós.

Mas, no fim, a gente se entendeu. E será o tempo que irá desembolar tudo e nos mostrar o futuro.

Eu só espero que no futuro tenham abraços bem apertados que resolvam coisas.

E vírgulas ao invés de pontos finais.

Fafá 😉

A irmã do meu pai

Eu tinha uns cinco anos quando assamos um bolo de chocolate, cobrimos com brigadeiro e balas de iogurte. Era uma festa de aniversário para uma boneca minha e uma boneca da Ana. Foi minha tia que inventou aquilo, ela adorava planejar festas, então foi tudo como se fosse uma festa de aniversário real. Haviam bexigas, até vela de aniversário e um “parabéns para você”.

Ela sempre me ligava para perguntar como iam as coisas, sempre nos levava para passear quando viajávamos para o Rio de Janeiro, planejava perfeitamente todos os Natais e Anos Novos, sempre vinha para São Paulo para decorar todas as festas de aniversário, trazia até as lembrancinhas perfeitas na mala. Em um dia das crianças, apareceu aqui em casa de surpresa, ganhou a viagem da empresa, não contou para ninguém, se escondeu na varanda fingindo que era um bichinho novo, saiu com presentes na mão.

Há uns oito anos, na minha viagem anual para o Rio de Janeiro, fomos ao shopping passear, entramos em uma livraria e ela disse que uma amiguinha dela havia indicado um livro para ela. Eu é que tinha indicado.

Há uns seis anos, em outro viagem, poucos dias após o Natal, levamos ela para comer fora, ela tinha passado um hidratante que demos de presente para ela. Brincando, elogiamos o cheiro do hidratante, falando que quem tinha dado tinha bom gosto. Ela parou um pouco, pensou e disse que tinha ganhado de um amigo do trabalho.

Há uns cinco anos, ela apareceu de surpresa no aniversário da minha mãe. Ela é irmã do meu pai, que hoje é ex-marido da minha mãe. Ela demorava para se arrumar, precisava fazer todo um ritual antes de sair de casa. Quando dormiu no meu quarto, me contou a história de uma amiga cigana que ela havia feito, que visitava ela todos os dias. No último dia, ela acordou a minha irmã de madrugada, disse que as vozes diziam coisas horríveis para ela. Gritava, chorava. Ficamos muito assustadas.

Quando voltou para o Rio de Janeiro, ela inventou mentira para meu avô, contou coisas falsas e horríveis. Não falava mais com nós. Ligou para meu pai contando coisas que ele sabia que era mentira.

Ninguém percebeu. Nós estávamos longe demais.

Não havia amiguinha. Não havia amigo do trabalho. Não havia cigana. Eram vozes. Vozes em suas cabeça.

A esquizofrenia a transformou, levou meu tia e nos deixou uma casca vazia. O tratamento veio muito tarde, as vozes podem ter sumido, mas ela também sumiu. A alegria sumiu, a espontaneidade sumiu, todinha ela se foi. O que sobrou foi uma pessoa apática, que faz coisas como se tivesse sido programada.

Dá saudade.

Fafá :*

Primeiro vôo sozinha

A primeira vez que eu viajei sozinha de avião me fez esquecer de todos os problemas da vida real. Sentei no assento pré-definido e olhei pela janela o céu mudando de cor.

Quando o avião subiu, minha mão segurou o descanso de braço para tentar segurar também o frio na barriga. Foi uma hora indo à Vitória, me sentindo pássaro, olhando o horizonte laranja e rosa e quase sentindo a textura das nuvens. O dia estava lindo lá de cima e eu estava morrendo de orgulho de mim mesma.

Na volta, eu até tentei ver as estrelas, mas estava escuro demais lá fora, então, só via uma imensidão negra. As turbulências no Rio de Janeiro só mexiam o avião, mas não a mim. Eu estava a confiante demais para sentir medo e não aproveitar o momento.

Quando o piloto anunciou o pouso, no céu só havia nuvens, um mar de nuvens escuras. E me senti em um navio. Ele virava o avião e as asas mergulhavam naquele mar. Até que começou a descer e se aproximar das luzes, lojas e movimentos. Bem-vinda a São Paulo.

Desci do avião com um quentinho no peito. Eu consegui e nada estragaria aquele momento.

Fafá :*

Porque tudo muda

Você consegue perceber o quanto cresceu?

Consegue olhar para trás e enxergar a menina que tu era?

Tudo parece não passar. Até que passa. E você nem percebe.

Tudo parece não mudar. Até que muda. E você percebe em um estalo. “Eu não era assim”. “Eu não fazia isso”. “Eu não comia isso”.

Quando nos tornamos adultos, tudo parece passar em um piscar de olhos, principalmente os problemas. Mas, também parece que tudo passa arrastado, principalmente os problemas que temos que resolver.

Eu olho para trás e vejo uma menina de jeans e camisa entrando em um lugar desconhecido, passando a semana com as costas travadas de stress e medo. Hoje o sentimento de algo novo reaparece, mesmo aquele local que antes era medo, hoje é zona de conforto. E daqui a pouco, em um piscar de olhos, tudo vira desconforto.

É engraçado que quando eu comecei a escrever esse texto, há menos de um mês atrás, eu nem imaginava que iriam acontecer as coisas que aconteceu. E as minhas certezas já não são mais nada, viraram fumaça no ar.

Eu tenho vivido um dia de cada vez e sempre lembrando que tudo passa e tudo muda e só espero que daqui há três anos, possa olhar para trás e escrever um novo texto desses.

 

Fafá ;*

15 de maio de 2016

Não sei para você, mas pra mim é difícil. É difícil te ver ficando na plataforma enquanto o meu vagão se vai. E pensar que vai demorar uma semana para podermos ter um diazinho para voltarmos a nos ver e depois mais uma semana para ter só mais um dia, outra semana e assim por diante.

Semana passada, navegando pelo facebook, apareceu uma imagem que ilustra muito bem tudo isso:

Eu não queria ficar muito tempo, eu só queria mais tempo, mais do que temos. Pensar que tá na hora de ir embora é horrível, o que me conforta é saber que com quase certeza nos veremos novamente depois de uma semana. Só que dessa vez você comentou que talvez não conseguiria e eu imediatamente, sem pensar, entrei em desespero, aquilo doeu tanto que não consegui controlar e transbordou. Acho que te assustou um pouco, mas você lidou bem e conseguiu me acalmar e de repente aquilo virou uma coisa boa, algo que nos uniu. Ou pelo menos, me uniu mais a você.

Fafá ;*

 

Energias

Eu tenho só 22 anos, mas já percebi que cada ano de nossas vidas pode ser uma fase de nosso corpo, alma e pensamentos. Hoje, percebo a importância das energias, estou em uma fase que observo cada pessoa, cada livro, cada filme ou cada palavra só para verificar que energia aquilo emana para mim.

Não dá para querer que a sua vida mude para o melhor sendo que, ao invés de almejar coisas, você só reclame das que tem atualmente. Ao reclamar a sua energia é negativa, ao almejar a sua energia é esperança.

Também, não dá para ficar só desejando, só que passar o dia inteiro dormindo em seu quarto ou assistindo séries na Netflix, sem ao menos procurar o que fazer para novidades aparecerem. Se você procura no mesmo lugar, porque acharia coisas diferentes?

As pessoas com quem nos relacionamos também importam muito em como nos sentimos. As vezes, um colega de trabalho que só reclama vai ter colocar tão pra baixo que você vai passar a se incomodar com um trabalho que você gosta. Nós absorvemos as energias das pessoas e, se não soubermos a hora de nos afastar, essa energia vira nossa também.

Pare, respire, pense. O que poder ser mudado em sua vida? O que tem que fazer para isso acontecer? E evite a ansiedade se a mudança demorar para acontecer. Cada coisa tem um tempo. E cada pessoa tem um tempo.

Vamos mudar nossas energias. Ler livros novos. Ver filmes novos.  Ir a lugares diferentes. Observar detalhes que antes passavam despercebidos. Conversar com pessoas novas e sobre assuntos novos.

Aí a novidade vem.

 

Fafá ;*

Nossa primeira viagem juntos

Foi só um final de semana. Mas, foi o primeiro.

Você fez no impulso, senão eu colocaria empecilhos novamente e essa viagem não sairia. Depois, vi que não foi no impulso, foi na melhor das intenções em querer me ver tranquila e longe dessa rotina louca que estava me afundando em ansiedade.

Fomos tranquilos, eu, você e o Vance Joy tocando em meu celular. Bem trilha de viagem para praia mesmo.

Primeira vez que pegavámos a estrada. Porém, o nervosismo não se deixou transparecer, foi tudo muito calmo e feliz.

O tempo nublado logo abriu para a gente pisar na areia escura e fina e brincar na água morna do mar. E deitamos na canga, olhando o céu, juntos ouvindo só o som do mar e observando as nuvens e tranquilidade, em nossa primeira viagem.

Deu tudo certo do jeito que tinha que dar e foi tão bom. Simples e perfeito.

Agora, de volta a rotina louca, agradeço por termos conseguido esse momento de paz e amor. Nossa primeira viagem juntos.

Fafá ;*

Tartarugas até lá embaixo

Tartarugas até lá embaixo, de John Green

Isso não é uma resenha, isso é quase um spoiler. Apesar de tudo, tudo ficará bem. O que temos que ter é paciência para lidarmos com a vida é com nós mesmo, e aí, no final, você irá se surpreender com tudo o que conseguiu conquistar e onde conseguiu chegar.

A vida é clichê, mas isso também é uma caixinha de surpresas. Não deixe qualquer um de seus medos te privar de ser alguma coisa fantástica no futuro. Porque, você será. Você terá que olhar para você mesmo e perceber que chegou longe. Que pelo menos enfrentou pequenas coisas, mas que agora fazem uma diferença enorme. Você venceu algumas batalhas e aprendeu que outras não valiam a pena.

Você fez coisas irracionais para só depois aprender que seus pensamentos não são você, o que importa são as suas ações. Então, por favor, não desista de você. Não temos ideia do quão forte somos e quão longe podemos chegar. E no final, também aprendemos que, na maioria das vezes, só temos que observar as coisas de outra forma, pois, talvez, o mundo tenha surgido de uma explosão há bilhões de anos, mas, talvez, também seja só tartarugas até lá embaixo.

Fafá ;*

A ilusão

Eu os achava lindos. Acompanhava de longe, por meio de publicações, aquele relacionamento que eu considerava um exemplo. Ela escrevia sobre ele, ele fotografava ela. Quando o término chegou, parecia que somente haviam entrado em comum acordo, não era mais namoro, era só amizade e, mesmo assim, continuei achando um exemplo de relacionamento.

Semana passada, ela publicou um texto. No texto, contava como esse relacionamento foi horrível, o quão abusivo o namorado era e o quanto ela sofreu. Me senti tão mal por ela ter sofrido tudo aquilo e pior ainda por ter idealizado aquela relação.

Depois, fiquei pensando que somos enganados por aquilo que vemos nas redes sociais dos outros, só observamos um fragmento de carinho e felicidade e achamos que aquelas pessoas são sempre assim. Como somos ingênuos! Nós nunca saberemos de verdade o que acontece se não formos conversar e conhecer as pessoas direito. As pessoas deixaram de se preocupar em perguntar como as pessoas estão, pois, acham que, só por acompanhar as publicações nas redes sociais, já sabem tudo o que está acontecendo. Substituem a interação física pela virtual e acham que é o suficiente, mas, não é.

O cara sumiu, apagou todas as redes sociais, até as profissionais. A garota até recebeu comentários que a acusavam de acabar com a vida social e profissional do cara. Mas, felizmente, recebeu mais comentários oferecendo apoio e ajuda. Nisso, vemos que as redes sociais têm sim um poder de atualizar para várias pessoas como está a sua vida, mas nunca, repito que nunca, pode substituir as amizades presenciais. E, por favor, procure saber como as pessoas estão realmente, não se contente em só curtir as fotos e textões.

Fafá ;*

Minha primeira externa

Há cerca de um mês eu comecei a seguir o Maurício de Sousa no instagram, não sei se por sinal de destino ou por algum motivo que não lembro agora. Vi todos os dias pelo menos uma publicação mostrando o amor que ele tem por sua família, pelos seus personagens e por tudo que ele construiu.

Ontem, eu ganhei um enorme presente, participei, depois de um ano trabalhando no SBT, da minha primeira externa, que não poderia ter sido mais especial. Eu conheci pessoalmente o homem que participou da minha infância e do começo pelo meu interesse pela leitura, o próprio Maurício de Sousa.

Ao entrar na Maurício de Sousa Produções, meus olhos brilharam com toda a magia que aquela empresa possui e assim foi até o final da coletiva do filme Turma da Mônica – Laços. E posso dizer que não fui só eu que me emocionei. Ao fim da apresentação do vídeo em que mostrava as crianças recebendo a notícia de que foram as escolhidas, as luzes acenderam e muitos dos presentes na coletiva estavam em lágrimas, não puderam conter a emoção de ver algo presente na infância de todos, algo tão presente em nossa cultura, criando vida.

A coletiva tinha o clima gostoso de um churrasco familiar, pudemos conhecer a Mônica, a Magali, A Mariangela, a Marina e o Bidu. Mas, não foi só por ter várias filhas do Maurício no local, mas também por ele tratar toda a sua equipe como se fossem da família.

Saí de lá extremamente feliz pela oportunidade que tive de aprender mais sobre a área que escolhi para a minha vida e de receber toda aquela energia daquele local e daquelas pessoas. Só tenho a agradecer, com muito carinho, às pessoas que me possibilitaram isso.

Fafá ;*